INDÚSTRIAS DE BATERIAS NA UTI

Disparada nos custos, impostos sufocantes e um mercado cada vez mais desleal. Estes são os principais elementos que formam a química perfeita causadora de danos irreversíveis ás pequenas e médias fabricas de baterias automotivas do Brasil.

UM CENÁRIO DESAFIADOR

Segundo o Sindipeças, projeções mostram o mercado de peças de reposição automotiva terá um crescimento entre 5,5% e 6,8% em 2025, sendo impulsionado pela manutenção da frota nacional envelhecida e a recuperação gradual da economia interna.

Um dado importante que convalida está situação diz sobre a idade média dos veículos no Brasil que supera 10,6 anos. Estes veículos exigem mais manutenção e substituição de componentes essenciais como as baterias. Atualmente o mercado de reposição representa cerca de 85% do faturamento do setor de baterias, um número que tende a crescer com o aumento da frota ativa.

Porém, esse crescimento não se traduz automaticamente em melhoria econômica para a grande maioria das empresas fabricantes de baterias automotivas. A concorrência acirrada e a pressão por preços baixos obrigam os fabricantes a operarem com margens cada vez mais apertadas, chegando em vários casos há serem negativas.

AUMENTO DAS MATÉRIAS-PRIMAS: UMA BOMBA-RELÓGIO PRONTA PARA EXPLODIR

Os custos das principais matérias primas para produção de baterias de chumbo-ácido sofreram alta acumulada superiores a 20% nos últimos 12 meses. Abaixo podemos analisar alguns exemplos:

Matéria-Prima Variação 2024 → 2025
Chumbo (LME) +28%
Ácido sulfúrico +35%
Polietileno (separadores) +21%
Polipropileno (caixas) +20%

Essa escalada impacta diretamente os custos diretos de produção das baterias automotivas, sendo ainda necessário adicionar as oscilações cambiais, fretes internacionais elevados e outros insumos como estanho, que agravam ainda mais a pressão inflacionária.

TRIBUTAÇÃO ASFIXIANTE

O setor de fabricação de baterias automotivas está entre os mais taxados do Brasil. A carga tributária combinada de IPI-Imposto sobre Produtos Industrializados (9,75%), PIS-Programa de Integração Social e COFINS-Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social monofásico (13,10%), ICMS-Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (7% a 22%) e ICMS-ST cobrado por substituição tributária em valores estratosféricos, tem reduzido a competitividade e esgotado a capacidade financeira das indústrias.

As novas pautas de preços PMPF (Preço Médio Ponderado Final) aplicadas por estados como Minas Gerais e São Paulo em 2025 pioraram o cenário, e transcendem o absurdo.

– MG: Atualização da pauta do ICMS-ST para baterias automotivas subiu em média 12,7%, descolada da realidade do mercado.

– SP: Novo PMPF que entrará em vigor em abril/2025 aumentou a base de cálculo do ICMS-ST em até 14,3% para baterias de 60Ah e 70Ah.

Resultado: as indústrias pagam antecipadamente o imposto sobre um valor presumido que nem sempre será alcançado na venda real ao consumidor, sem justiça tributária, está sufocando o fluxo de caixa das pequenas e médias fabricas.

O RISCO MORTAL: ERROS NA FORMAÇÃO DE PREÇOS

Com tantas variáveis, o processo de precificação se tornou um dos maiores desafios para as pequenas e médias fabricas de baterias automotivas. Subestimar custos fixos, não considerar tributos indiretos, não provisionar corretamente encargos ou ignorar o impacto das oscilações dos custos pode significar operar no vermelho sem perceber.

Um erro de apenas 5% na formação de preço final pode resultar em queda de até 20% da margem de contribuição que financia outras despesas. O momento é grave, muitos empresários só perceberam este problema quando sua operação já estava descapitalizada e em um estágio de difícil reversão, necessitando tomar crédito caro no mercado.

O SETOR RESPIRA POR APARELHOS

A soma de insumos caros, tributos excessivos e falhas de precificação levou boa parte das indústrias para a zona crítica de operação. O número de pequenas e médias indústrias com atrasos fiscais e dificuldade de manter folha de pagamento em dia aumentou drasticamente em 2024 e esta tendência continua reforçada em 2025.

Sem revisão estrutural dos custos, política fiscal justa e capacitação da gestão estratégica, as pequenas e médias fabricas de baterias automotivas caminham em marcha acelerada para um colapso silencioso. A hora de reagir é agora! É tempo de unir forças, buscar soluções coletivas, revisar processos e acima de tudo, profissionalizar a gestão com foco absoluto na sobrevivência.

 

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