No ambiente competitivo moderno, a concorrência leal é o principal motor de inovação, ganho de eficiência, valorização de marcas e desenvolvimento setorial. No entanto, há um fenômeno crescente que ameaça diretamente a integridade dos mercados: a chamada estratégia da mentira. Trata-se de um conjunto de práticas ilícitas ou antiéticas em que agentes envolvidos no processo comercial lançam mão de informações falsas sobre preços, modalidades de venda, questões tributárias ou operacionais de seus concorrentes. O objetivo não é competir, é desestruturar, desestabilizar e eliminar quem atua com responsabilidade e dentro das regras.
Como essa estratégia é aplicada?
Agentes envolvidos na cadeia comercial recorrem à mentira criando informações de preços irreais, divulgam boatos sobre fiscalizações ou dívidas inexistentes, apresentam documentos forjados para comprovar supostas vantagens competitivas e alimentam o mercado com desinformação de forma calculada visando unicamente derrubar os preços.
Esse tipo de conduta não tem ligação com o famoso conceito que afirma sobre a existência no mercado de uma disputa desequilibrada entre os grandes contra os pequenos, mas sim fortalece nosso entendimento da batalha desleal entre empresas éticas e aquelas que se julgam acima da lei.
Por que essa estratégia é tão eficaz?
- Apelo emocional e imediatista
Toca diretamente o psicológico dos tomadores de decisão, especialmente fabricantes que, sob pressão, passam a priorizar preço em detrimento de estratégia comerciais qualidade e compliance da operação. - Assimetria de informações
Muitos empresários estão profundamente envolvidos na operação e não têm acesso a dados reais de mercado. Isso cria um efeito “B-612”, assim como o Pequeno Príncipe em seu asteroide: isolado, preso a rotina e com visão limitada da realidade. - Contaminação da percepção do mercado
A repetição de mentiras gera descrédito nos players sérios, invertendo a lógica de valor: o certo parece errado e o errado se normaliza. - Pressão sobre margens
Empresas que atuam com transparência passam a operar com margens financeiras insustentáveis, o que compromete o caixa, a capacidade de investimento e, em casos extremos, pode levar à falência.
Reflexões inevitáveis no cenário de desinformação
- Será só impressão?
Influenciadores e operadores mal-intencionados são hábeis em criar narrativas que sustentam um ambiente tóxico que predomina o “quanto pior, melhor”. - Nada vai acontecer?
Sempre acontece. Muitos que lucraram com mentiras estão hoje enfrentando sanções fiscais, dívidas judiciais e perda de mercado. - Vale a pena trabalhar corretamente?
A história econômica comprova: o errado não dá certo e o certo não dá errado. O compliance é um ativo valioso. - É possível vencer?
Sim. A proteção começa com estratégias sólidas, inteligência de mercado e compromisso com a verdade.
Como proteger sua empresa?
- Monitoramento de mercado
Estabeleça rotinas para acompanhar práticas da concorrência e comportamento de preços suspeitos. - Transparência e posicionamento claro
Oriente seu time comercial a comunicar com base em fatos reais, destacar diferenciais e não ceder à pressão de práticas desleais. - Fidelização do cliente
Construa relações sustentáveis. Um cliente bem informado e bem atendido resiste à manipulação. - Atuação em rede e associativismo
Empresas unidas em defesa da ética têm mais força para neutralizar condutas prejudiciais ao setor. - Denúncia de práticas abusivas
A falsificação de produtos, a evasão fiscal e a concorrência desleal são passíveis de penalidades legais. Use os canais corretos para reportar irregularidades.
Conclusão
A mentira no ambiente comercial destrói valor, sabota cadeias produtivas e mina a confiança do consumidor em todo o segmento. O fortalecimento de práticas éticas e estratégicas é o caminho para um mercado mais resiliente, competitivo e justo.
Que possamos, enquanto gestores e profissionais, carregar nossa “bateria mental” e dar partida em um modelo de negócios movido por ética, competência e responsabilidade.